sábado, 17 de agosto de 2013

Selecionado para Antologias: Sinistro! 3 e Solarium 3

É com imenso prazer que comunico que fui selecionado para essas duas antologias organizadas por Frodo Oliveira e Heloisa Johansson pela Multifoco Editora!

Participarei com os contos:
O Senhor das Almas (Sinistro! 3)
O Fim de um dos Mundos (Solarium 3)


E claro, não estou sozinho neles, ótimos outros autores participarão também.



"Sinistro!3" (Terror) tem data prevista de lançamento para 11/10/2013.
E "Solarium 3" (Ficção Científica) para 16/11/2013.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

"Eu, Anti-herói?"


    Se eu fosse um herói, não... não vou começar assim... Não poderia ser, heróis não fumam ou bebem. Alguns bebem (aquela coisa de viver uma vida dupla, etc...), divididos em proteger sua reputação ou a pessoa que ama. Seria um anti-herói? Talvez. Aquele cara que foi treinado para fazer o bem e proteger as pessoas, mas de quem? De si mesmos? Também, também...
    Mas que por algum motivo a confiança se perdeu, e agora vejo aqueles que me treinaram como mentirosos e enganadores, fazendo-me acreditar, que por tudo aquilo que lutei, foi perda de tempo e um simples divertimento para eles...
    Viveria à margem de uma sociedade doente, mas quem ficou doente fui eu.
    Aceitaria o status de anti-herói e viveria com isso, ou tentaria me tornar aquilo para o que fui treinado? A verdade um dia apareceu, e então? Devo me revoltar quanto aos meus mentores e atacá-los com todo o poder que possuo? Foi o que fiz... e não me puniram por isso, pelo contrário.
    Não sei mais o que pensam sobre mim, só sei que quando me dirigem a voz, todo aquele treinamento deturpado, que achavam que era certo, volta à minha cabeça, e vejo que não funcionou (um erro que perceberam por si mesmos).
    Agora quem tem que viver com essas questões e dúvidas são eles. Continuarei com meus cigarros e minhas bebidas (não vejo nada de errado nisso).
    Anti-heróis vivem mais solitariamente que os próprios ditos heróis. Mas isso foi a base do treinamento também, viver sozinho, não gerar vínculos, não ter uma vida... Mas não quero mais isso, e isso os incomoda.
    “Mais uma coisa que fazia por conta própria antes disso tudo...”, desabafo comigo mesmo.
    Mas isso não existe mais, posso ter ido para o “Lado Negro da Força”, como diz um velho filme, mas até os vilões têm coração, assim como o próprio pai do rapaz desse mesmo filme virou do bem no final...
    O anti-herói nunca é do mal, mas sim, um revoltado. Todo o poder que ele possui vai se canalizar naquilo que ele acredita em seu coração, e não no que mentores impuseram ou quiseram fazê-lo acreditar, mesmo que ele esteja errado.
    Seja um simbionte que dominou sua mente, ou uma ideia implantada em sua cabeça.
    Não acredito em nada disso, e se meus erros me levarem a um trágico final, assim vai ser.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"À Espera"




    Tinha certeza de que era um sábado à noite. Tudo estava calmo, eu e Priscila havíamos acabado de sair do cinema. Levei-a até a rodoviária e esperei até ela pegar o ônibus. Nada demais.
    Ela tinha uma entrevista com um jornal de uma grande cidade, seria o ápice jamais sonhado de sua carreira profissional, e eu, como bom marido, nada mais podia fazer que apoiá-la. Triste e ao mesmo tempo feliz, nos despedimos, querendo ou não, ela ficaria duas semanas fora, o que seria um tormento para mim... A amo demais... Nada havia nos separado desde então.
    No dia seguinte, o meu celular tocou, era ela, dizendo que foi efetivada depois de três dias de entrevistas e treinamentos. Não pude ficar triste por isso, mas não fiquei feliz, queria que nossas vidas continuassem a mesma, mesmo com o pouco que tínhamos.
    Mas voltaríamos a nos ver. Ela pegou o ônibus de volta para passar o fim de semana, e claro, fui buscá-la na rodoviária. Foi quando, embriagado (era a única coisa que não me fazia pensar tanto nela), bati o carro contra uma caminhonete em alta velocidade. É só o que lembro até então.

    Acordei, não sabia ao certo que dia era, sei que acordei no nosso quarto. Sentia que tinha algo a fazer, mas não sabia o quê.
    Foi então que, ao checar o celular, havia uma mensagem de voz de Priscila, que dizia: me busque na estação às 9h30, estou com muitas saudades!
    Olhei para o relógio, eram ainda 7h da manhã.
    “Não aguento, preciso vê-la...”, pensava comigo mesmo.
    Tentei fazer todos os meus afazeres diurnos, tomar café, ligar o noticiário checando o trânsito, mas não conseguia me concentrar, algo parecia estar diferente.

    Foi então que com um pouco de ansiedade, o relógio marcou 9h, era hora de sair... Apressado e atrasado corri ao encontro de minha esposa. Cheguei na estação rodoviária às   9h15, “Ótimo! Estou adiantado”.
    Saí do carro e sentei em um dos bancos de espera.
    As pessoas não pareciam mais as mesmas, pareciam dispersas em um modo alternativo, não sei, talvez possa ser a ressaca de ontem, quem sabe... Ônibus vinham e iam, mas nada de Priscila.
    Eram 9h45, e nada... “Pode ter se atrasado, acontece sempre...”, pensei comigo.
    Tinha um relógio de bolso, herdado de meu pai, um grande homem por assim dizer, meu celular servia também, mas achava que olhar as horas nesse relógio era... digamos mais “sofisticado”, o que não era, ri comigo mesmo ao pensar nisso...
    10h15 e nada do ônibus de Priscila aparecer. Peguei meu celular e liguei para ela, mas não deixava de checar meu relógio. “Rede fora de serviço.”, dizia o celular. Estranho, posso dizer, ou o ônibus tinha uma câmara de pressurização muito potente, ou... odeio pensar nisso: algo pior havia acontecido. Sempre foram comuns acidentes de ônibus acontecerem nessas estradas. Caminhoneiros movidos a estimulantes, uma hora dormem...
    Mas não, tinha que pensar positivamente, não podia ter acontecido. Eram apenas duas horas de viagem de lá até aqui... vou esperar.
    Entrei na rodoviária e pedi um café preto, o mais forte que tinha, expresso. Tomei num gole só, e logo, pedi outro. Voltei então para o banco...

    Nada de Priscila, eram agora 11h, e novamente tentei pelo celular, nada.
    O que me ocorreu era que ela já poderia estar em casa, mas também não, ela iria me ligar se estivesse lá. A cada minuto destravava o teclado do meu celular para checar se havia alguma ligação, rodoviárias normalmente são bem barulhentas...

     Mas nada.

     11h30 e não podia mais esperar. Entrei no carro e fui para casa.
     Ao contrário do que o noticiário dizia, dessa vez peguei um “trânsito do cão”. Ao fim cheguei, 12h00 praticamente, sempre me acostumei a arredondar as horas. Chegando ao terceiro andar, em frente a porta do meu apartamento, peguei minhas chaves, ao tentar abrir a porta, ela simplesmente não virava... “Droga! Que merda, essa chave não abre!”, pestanejei.

     Estava preso fora do meu próprio apartamento.
     Prestando atenção, podia ouvir o tilintar de pratos e movimentos dentro dele, um cantarolar alegre, uma música lenta. Havia alguém lá dentro.
    Novamente, tentei o celular. Não funcionou.
    Desci rapidamente pelo elevador e fui até o porteiro, que mal sentiu minha presença. Nem ao menos quando o chamava, “Sr. Pedro, minha chave não funciona, poderia o favor de...”, mas ele nem se virou, nem ao menos olhou para mim.
    Estranhamente voltei a mim. Levantei as duas mãos e realmente havia algo estranho, eu não parecia como antes, minha mãos estavam levemente transparentes, prestei atenção ao redor, e havia uma névoa levemente distorcida. Até que uma senhora abriu a porta do prédio e me disse:
    – Meu jovem, sinto sua confusão, você se perdeu...
    Me aproximei dessa senhora e perguntei como.
    – Aquilo não foi um sonho, aquele acidente... aconteceu.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

"Perdido no Tempo"

   Perdido no tempo, tempo que não tenho para perder.
   Desesperado na minha mesa, o que vem ao meu pensamento, só você. Pensamentos transformados em cinzas num cinzeiro... Tenho muito a perder, apesar de tentar dizer o contrário a mim mesmo. Não sei mais se vivo ou se ao menos devo viver, sei que muita coisa se perdeu... O nervosismo misturado com a saudade deixa um vazio nessa alma e dá lugar ao desespero...

   Por que vêm me perturbar sempre quando tudo está perdido? No fim do meu mundo...
   E o começo de um novo, ao seu lado, espero...

   Você veio para me trazer dor? Pois trouxe... A dor de esperar por aquele dia que iremos nos encontrar novamente. (São muitas coisas na minha cabeça, mal consigo expressar em palavras o que sinto.) Mas estou aqui, reconstruindo cada tijolo que destruí de quando me sentia abafado por eles, ileso da mundana sociedade, ileso de qualquer obrigação para o mundo. Vivendo no egoísmo, pensando em mim mesmo, mas espere! Penso em mim, para então poder pensar nos outros, então... estou certo ou errado? Não sei.

   Quero ver seu sorriso outra vez, mas não sei dizer se a dor da saudade vai me permitir sorrir novamente... Já sinto saudades de você... Isso dói... muito.
   Não sei se posso suportar, se a ânsia de ter alguém pode superar a dor de estar sozinho, não sei qual é a pior... Deixe viver, deixe rolar...
   Um abraço pode me dizer tudo isso... Se você permitir...

   Continuarei andando pelas ruas, de cabeça baixa, solitário, perdido em incontáveis fragmentos de pensamentos de uma mente imaginária, uma mente impossível de se aprisionar, mesmo que muitos digam o contrário. E se um dia ela se aprisionar, será eu quem fará! Nem que me contorça em contradições e conflitos internos.

   Ainda é cedo... Mas o hoje já começou e começo a contar os dias desde a última vez...   Preciso sorrir e chorar ao seu lado mais uma vez, mas não queremos partir os corações um dos outros sentados em um bar qualquer. Muito menos o seu...

   Não quero que crie falsas esperanças, pois não as tenho. Dia após dia, a única coisa que tenho de ser é um soldado, não um soldado qualquer, mas aquele que luta por si mesmo guiado pelas emoções, não pela razão. A lógica se perdeu, sim, juntando os cacos é que poderei voltar a ela...
   O ato de falar não é em vão, tudo que falei é verdade, por mais incrível que pareça, não penso quando estou ao seu lado... as palavras nem sequer são filtradas pelo cérebro, a lógica se vai, mas só sei que quero estar junto a você e sentir seu toque só mais uma vez...

   Só espero te ver novamente, para ter certeza de que nos veremos de novo...